quinta-feira, 1 de agosto de 2019

Quando as Tribos se encontram: Gaia e Por Fi Gá


Relatório Escola Estadual de Ensino Fundamental Coronel Vicente Freire – Canoas
Texto produzido pelas alunas Bárbara Rodrigues Brum e Maria Julia Serpa Busse da turma 81 da escola.

No dia 29 de abril fomos visitar a tribo Por FiGa em São Leopoldo, conforme a programação do Projeto Tribos em Cena, pelas comemorações do dia do Índio (19 de abril). No dia havia outras escolas participantes do projeto Tribos em Cena realizando a mesma atividade de visitação. A Parceiros Voluntários marcou a reunião da tribo Por Fi Ga com as 15 Tribos escolares. Foram vários momentos marcantes e de compartilhamentos de experiências.
Tivemos o lançamento do livro Relatos e Retratos, a exposição de artesanatos, apresentação de dança pelos jovens Kaingangs caracterizados e uma trilha até a nascente da reserva com benção indígena.Cada tribo levou consigo um pouco de conhecimento sobre a cultura deles, o artesanato, a dança, o ambiente...um pouco do que é realmente ser índio.
Os índios dizem que não tem um horário para eles se alimentarem, conforme o documentário “O canto da Tovaca” mostrado na aula de Geografia.O cacique diz que ele não pode pensar só nele, ele tem que pensar na comunidade e nas crianças. Eles também falam da sua folha da mandioca brava.
A língua Kaingang é uma das línguas com maior número de falantes do Brasil. Vimos a aula de Kaingang e Português e também observamos os significados de algumas palavras em Kaingang dentro do documentário. Na saída de campo foi possível conhecer a sala de aula deles (onde ocorreu a conversa com o Cacique) e tivemos a oportunidade de perguntar para as lideranças da tribo o significado de palavras que falamos em nossa língua e que nos interessava para as nossas atividades nas Tribos em Cena.
No bate-papo as lideranças comentaram que as pessoas falam que os índios usam roupas, que não é a cultura deles. O Cacique explicou que antigamente os indígenas andavam sem roupa porque tinha mato, os indígenas viviam sozinhos naquela época, o indígena hoje não tem as mesmas possibilidades do passado, não há como eles tirarem seu alimento da natureza, então são obrigados a comer e vestir coisas de branco.
Apesar das lideranças destacarem que alguns indígenas estão se formando na universidade e voltam para trabalhar na tribo e que a comunidade está se esforçando para melhorar a educação no ensino formal, não é de vontade e nem interesse dos indígenas trabalharem fora dos seus costumes, pois eles buscam a valorização de sua cultura e de seus saberes.Por isso é importante que os da comunidade possam se formar na universidade e voltar para trabalhar com eles, pois eles conhecem e valorizam os saberes tradicionais também.
A tribo Kaingang tem as metades Clânicas (Kamé e Kairu), que é a divisão que marca a distinção entre membros, o aspecto fundamental é a divisão nas metades exogâmicas, Kamé e Kairu, os Kamé estão relacionados a Oeste e a pintura facial com motivos compridos (III). E os Kairu estão relacionados ao Leste com motivos redondos (. . .). As crianças sempre vão ter a marca do pai e os casais precisam ser formados por uma pessoa de cada metade.
As leis indígenas partem do Cacique para as outras lideranças, os indígenas não permitem separação de casal, se alguém quiser a separação ou vai ficar preso na aldeia até que mude de ideia ou vai ter que encontrar outro local para viver. As lideranças também comentaram que existe uma lenda envolvendo a ave Tocava que habita parte da América do Sul, essa avisava os indígenas através de seu canto que o povo branco estava se aproximando. A história sempre foi contada por quem entrou no Brasil, e a história de quem vivia aqui dificilmente chega a todos nós.
Saímos da tribo com grandes aprendizados, muitas experiências e tiramos muitas dúvidas sobre sua cultura. Chegamos à conclusão de que a tribo possui algumas dificuldades financeiras, porém recebem todos os visitantes com muito afeto, são acolhedores e humildes.

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