Relatório Escola Estadual de Ensino
Fundamental Coronel Vicente Freire – Canoas
Texto produzido pelas alunas Bárbara Rodrigues Brum e Maria Julia Serpa Busse da
turma 81 da escola.
No
dia 29 de abril fomos visitar a tribo Por FiGa em São Leopoldo, conforme a
programação do Projeto Tribos em Cena, pelas comemorações do dia do Índio (19
de abril). No dia havia outras escolas participantes do projeto Tribos em Cena
realizando a mesma atividade de visitação. A Parceiros Voluntários marcou a
reunião da tribo Por Fi Ga com as 15 Tribos escolares. Foram vários momentos
marcantes e de compartilhamentos de experiências.
Tivemos
o lançamento do livro Relatos e Retratos, a exposição de artesanatos,
apresentação de dança pelos jovens Kaingangs caracterizados e uma trilha até a
nascente da reserva com benção indígena.Cada tribo levou consigo um pouco de
conhecimento sobre a cultura deles, o artesanato, a dança, o ambiente...um
pouco do que é realmente ser índio.
Os
índios dizem que não tem um horário para eles se alimentarem, conforme o
documentário “O canto da Tovaca” mostrado na aula de Geografia.O cacique diz
que ele não pode pensar só nele, ele tem que pensar na comunidade e nas
crianças. Eles também falam da sua folha da mandioca brava.
A
língua Kaingang é uma das línguas com maior número de falantes do Brasil. Vimos
a aula de Kaingang e Português e também observamos os significados de algumas
palavras em Kaingang dentro do documentário. Na saída de campo foi possível
conhecer a sala de aula deles (onde ocorreu a conversa com o Cacique) e tivemos
a oportunidade de perguntar para as lideranças da tribo o significado de
palavras que falamos em nossa língua e que nos interessava para as nossas
atividades nas Tribos em Cena.
No
bate-papo as lideranças comentaram que as pessoas falam que os índios usam
roupas, que não é a cultura deles. O Cacique explicou que antigamente os
indígenas andavam sem roupa porque tinha mato, os indígenas viviam sozinhos
naquela época, o indígena hoje não tem as mesmas possibilidades do passado, não
há como eles tirarem seu alimento da natureza, então são obrigados a comer e
vestir coisas de branco.
Apesar
das lideranças destacarem que alguns indígenas estão se formando na
universidade e voltam para trabalhar na tribo e que a comunidade está se
esforçando para melhorar a educação no ensino formal, não é de vontade e nem
interesse dos indígenas trabalharem fora dos seus costumes, pois eles buscam a
valorização de sua cultura e de seus saberes.Por isso é importante que os da
comunidade possam se formar na universidade e voltar para trabalhar com eles,
pois eles conhecem e valorizam os saberes tradicionais também.
A
tribo Kaingang tem as metades Clânicas (Kamé e Kairu), que é a divisão que marca
a distinção entre membros, o aspecto fundamental é a divisão nas metades
exogâmicas, Kamé e Kairu, os Kamé estão relacionados a Oeste e a pintura facial
com motivos compridos (III). E os Kairu estão relacionados ao Leste com motivos
redondos (. . .). As crianças sempre vão ter a marca do pai e os
casais precisam ser formados por uma pessoa de cada metade.
As
leis indígenas partem do Cacique para as outras lideranças,
os indígenas não permitem separação de casal, se alguém quiser a separação ou
vai ficar preso na aldeia até que mude de ideia ou vai ter que encontrar outro
local para viver. As lideranças também comentaram que existe uma lenda
envolvendo a ave Tocava que habita parte da América do Sul, essa avisava os
indígenas através de seu canto que o povo branco estava se aproximando. A história
sempre foi contada por quem entrou no Brasil, e a história de quem vivia aqui
dificilmente chega a todos nós.
Saímos
da tribo com grandes aprendizados, muitas experiências e tiramos muitas dúvidas
sobre sua cultura. Chegamos à conclusão de que a tribo possui algumas
dificuldades financeiras, porém recebem todos os visitantes com muito afeto,
são acolhedores e humildes.
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